O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) participou, nos dias 9 e 10 de novembro, na reunião do Comité Executivo do Conselho Mundial da Paz (CMP) que teve lugar em Kathmandu, no Nepal.
Enquanto coordenador do CMP para a Europa, o CPPC apresentou o relatório das organizações membro do CMP da região Europa, que resultou do trabalho coletivo destas organizações e em que se destaca que os EUA e a NATO são os principais responsáveis
pelas ameaças à paz e à segurança no mundo, em virtude da sua política de confrontação no plano internacional.
O Comité Executivo do CMP analisou a situação internacional, expressando séria preocupação com as crescentes tensões por todo o mundo, e sublinhou a importância do desenvolvimento da luta pela paz.
Face à gravidade da situação no Médio Oriente, com o prosseguimento do genocídio do povo palestiniano – onde as crianças correspondem a um terço do número total de vítimas – e a brutal escalada de guerra por parte de Israel contra o Líbano e outros países desta região, o Comité Executivo do CMP decidiu realizar uma sessão especial sobre esta intolerável situação. Nela, foram denunciados os crimes de Israel, que conta com o apoio de EUA e de outras potências da NATO e da UE, e exigiu-se o fim da ocupação por parte de Israel e a criação de um Estado da Palestina independente e viável nas fronteiras anteriores a 4 de junho de 1967, com Jerusalém Oriental como capital; o cumprimento do direito de regresso dos refugiados palestinianos; assim como a libertação de todos os prisioneiros palestinianos detidos nas prisões israelitas. Apoiando a iniciativa de África de Sul junto to Tribunal Internacional de Justiça, exigiu-se igualmente o fim da ocupação de todos os outros territórios árabes ilegalmente ocupados por Israel, em particular os Montes Golã sírios e os territórios libaneses.
Analisando a situação de guerra que se mantém no Leste da Europa, alertando para os riscos que esta pode comportar no que respeita a uma guerra de dimensão global, e reiterando que esta não teve início em 2022, mas em 2014, apelou-se ao da escalada armamentista e a uma solução politicamente negociada para o conflito. Foi identificado o papel e responsabilidade da NATO na promoção deste e de outros conflitos, bem como denunciada a sua intenção de continuar o seu alargamento, valorizando as iniciativas em vários países em torno da exigência da sua dissolução.
Reafirmando a importância da expressão da solidariedade com os povos que continuam a resistir à ingerência do imperialismo, assinalou-se a corajosa luta do povo cubano contra o bloqueio económico e as sanções impostas pelos EUA, que dificultam todos os aspetos da sua vida quotidiana. O CMP, saudou, acompanhando, a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que, por mais uma vez e por esmagadora maioria, exigiu o levantamento do bloqueio dos EUA contra Cuba, e exigiu a retirada de Cuba da lista dos Estados “patrocinadores de terrorismo”.
Foram destacadas datas e iniciativas que terão lugar no próximo ano e que devem servir para contribuir para o reforço da luta pela paz – comoo 80º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo ou dos 80 anos dos bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasaki pelos EUA –, assim como a continuação da luta contra a NATO, nomeadamente com o reforço da campanha “Paz Sim! NATO Não!”, procurando realizar ações em torno da Cimeira da NATO que, este ano, ocorre em Junho, nos Países Baixos.
O CPPC teve oportunidade de partilhar aspectos do seu trabalho em Portugal, destacando o empenho dado em torno de ações de construção da cultura da Paz, como os Concertos pela Paz (que chegarão aos 10, em 2024) e as sessões de educação para a Paz em várias escolas.
Foi dada importância à realização do III Encontro pela Paz, que teve lugar em Outubro de 2023, em Vila Nova de Gaia, com a participação de 800 pessoas e com o apoio de quase uma centena de organizações, pelo seu significado no que respeita à convergência em torno dos valores da paz, da amizade, da cooperação e da solidariedade.
Foram valorizadas as iniciativas de solidariedade com os povos que lutam pelos seus direitos e soberania, como Cuba, Venezuela ou Sara Ocidental, assinalando as mais de 100 iniciativas de solidariedade realizadas desde outubro de 2023, com o povo palestiniano, com especial destaque para a importante Jornada de Solidariedade que teve lugar em outubro do presente ano, com o lema “Palestina Livre! Paz no Médio Oriente!”.
O CPPC reafirmou o seu comprometimento com a luta pela Paz em Portugal e com o reforço do Conselho Mundial da Paz.
No dia 29 de novembro realiza-se, no Rampinha, em Ponte de Lima, uma sessão com conversa, música e poesia.
Será às 21h e convidamos todos a participar!
O Conselho Português para a Paz e Cooperação considera que a defesa da paz depende essencialmente da luta dos povos e da força do movimento da paz na defesa da democracia, da liberdade, da justiça e do progresso social, da amizade e cooperação entre os povos, o que também se aplica às eleições nos EUA.
Donald Trump venceu as eleições presidenciais nos EUA e especula-se sobre o que fará a futura administração norte-americana, desde logo em política externa. Que
há motivo para preocupações, ninguém duvidará: na anterior administração Trump, agravou-se a tensão no Médio Oriente, com o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, a transferência da embaixada dos EUA para essa cidade, o reconhecimento da anexação dos Montes Golã da Síria por Israel, o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani; implementou a guerra económica e subiu o tom das ameaças contra a China; intensificou o bloqueio contra Cuba e sucederam-se as sanções e as tentativas de golpe de Estado contra a Venezuela…
Nada indica que sejam diferentes as opções futuras de uma nova administração Trump.
No entanto, foi com a atual administração Democrata que se agravou o conflito no Leste da Europa, numa guerra que há muito vinha a ser preparada pelos EUA, NATO e UE e que colocou a Humanidade perante o risco de um conflito generalizado de dimensões catastróficas. Foi com Biden e Harris que se acelerou a níveis insanos a corrida aos armamentos, se alargou ainda mais a NATO ou se criou um novo bloco militar no Pacífico, o AUKUS. Foi com a atual administração norte-americana que Israel pôde – com armamento e cobertura diplomática dos EUA – cometer genocídio na Palestina, invadir o Líbano e bombardear o Irão, a Síria e o Iémen. As medidas de reforço do bloqueio a Cuba impostas por Trump foram mantidas por Biden, assim como as sanções à Venezuela, à Síria, ao Irão, à Nicarágua, etc. – medidas coercivas unilaterais e supranacionais, ilegais à luz do direito internacional.
Pese embora diferenças – algumas porventura significativas – que possam existir ao nível de opções de política interna e até de prioridades e “velocidades” em termos de política externa, Republicanos e Democratas representam duas faces de um mesmo sistema e estão unidos num mesmo objetivo central: a continuação do domínio dos EUA à escala global. E é este domínio e tudo o que representa de ingerência, exploração, saque, guerra, morte, sofrimento e destruição, que urge combater – seja qual for a administração “de serviço” na Casa Branca e no Pentágono.
Da parte do CPPC, não ignoramos os desafios que uma nova administração Trump traz a quem defende a paz, o desarmamento e a cooperação entre países e povos. Mas estamos certos do caminho que temos que trilhar: o reforço do movimento da paz, alargando-o a mais setores e personalidades, em Portugal e no mundo; a solidariedade com os povos que resistem e lutam pelo seu direito à paz, ao desenvolvimento e à soberania – desde logo o povo palestiniano, que luta pelo seu direito a existir e a ter o seu próprio Estado, independente e soberano, como consagrado em inúmeras resoluções das Nações Unidas: dia 29 de novembro, Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, há concentrações em Lisboa (18h00, junto à Embaixada de Israel), em Coimbra (17h30, na Estação Nova) no Porto (17h30, na Praceta da Palestina).
A Direção Nacional do CPPC
18-11-2024
Na manhã do dia 14 de novembro, Ilda Figueiredo e Julie Neves, da Direção Nacional do CPPC, receberam, na sede da organização, a nova Embaixadora da Palestina em Portugal, Sra. Rawan Sulaiman, acompanhada por Nesrine Ahniche.
Na fraterna e calorosa conversa, a Embaixadora, referindo o horrível genocídio que há mais de um ano Israel prossegue, em especial na Faixa de
Gaza, agradeceu a solidariedade que o CPPC sempre demonstrou e procurou alargar, ao longo dos anos, à luta do povo palestiniano pelo reconhecimento dos seus inalienáveis direitos nacionais e pelo direito que têm ao Estado da Palestina, soberano, independente e viável.
A presidente da DN do CPPC, Ilda Figueiredo, reafirmou que essa solidariedade iria prosseguir, com diferentes formas e expressões, pelo país, materializando-se, desde já, no próximo dia 29 de novembro (Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano), com concentrações em Coimbra (17h30 na Estação Nova), no Porto (17h30 na Praceta da Palestina) e em Lisboa (18h00 em frente à Embaixada de Israel).
O CPPC apela também à participação na sessão que terá lugar no próximo dia 18 de novembro, às 18h, na Casa do Alentejo, com a participação da Sra. Embaixadora Rawan Sulaiman.