Nos dias 28, 29 e 30 de Julho realizou-se o Acampamento pela Paz, organizado pelo Comité Nacional Preparatório de Portugal (CNP), para o 19.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (FMJE), que realizar-se-á em Soshi (Rússia), de 14 a 22 de Outubro de 2017. O CPPC é uma das organizações membro do CNP.
Este ano, de regresso à cidade de Évora, o Acampamento pela Paz recebeu cerca de três centenas de jovens que se uniram em torno dos valores da Paz e da luta pelos direitos da juventude, num espaço de alegria e fraternidade, onde tiveram a oportunidade de participar em diversas actividades, desde oficinas relacionadas com sustentabilidade, energia, produção alimentar e desigualdades a nível mundial, uma visita à cidade, várias actividades desportivas, concertos, pintura de mural, culminando com um desfile pela Paz.
Entre momentos de convívio decorreu um debate, com a participação de Marta Antunes, da Direcção Nacional do CPPC, sob o lema “Pela paz, a solidariedade e a justiça social, lutamos contra o imperialismo – Honrando o nosso passado, construímos o futuro!”. Neste debate partilharam-se experiências e ideias sobre o contexto internacional actual e a necessidade da defesa da Paz, bem como de anteriores edições do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.
A intervenção do CPPC:
"Pela Paz a solidariedade e a justiça social lutamos contra o imperialismo honrando o nosso passado construímos o futuro
Boa tarde a todos,
Em nome do Conselho Português para a Paz e Cooperação saúdo todas as organizações presentes, principalmente as que contribuíram para a realização deste Acampamento, o qual não podemos deixar de valorizar pela sua dimensão e valores que dele emanam, e também todos os participantes que lhe dão vida.
No contexto actual em que se intensificou o aumento de conflitos, bloqueios, ingerências externas, repressão contra povos e subversão do direito internacional, torna-se cada vez mais importante afirmarmos os valores da paz, solidariedade e justiça social.
Apelamos à participação de todos os jovens no Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, local de discussão e partilha entre milhares de jovens de todo o mundo unidos por valores de paz. Justiça social, fraternidade e luta por um mundo melhor. Todos ficarão a ganhar com a participação neste festival onde a troca de experiências de luta nos diferentes contextos culturais de todo o mundo enriquecerá com certeza as nossas vidas, motivando a continuação da nossa acção e a afirmação dos valores da Paz, Solidariedade e dos direitos da juventude.
O Conselho Português para a Paz e Cooperação, organização que aqui represento, é herdeiro e continuador do movimento da paz nascido no pós-Segunda guerra Mundial e que em Portugal combateu o facismo e o colonialismo. Orienta-se por importantes princípios e valores universais, materializados na Revolução de Abril, e inscritos nos seus Estatutos e na própria Constituição da República Portuguesa, cujo artigo 7.º consagra valores como a defesa da paz, da não ingerência, do desarmamento, da dissolução dos blocos político-militares e pugna pelo fim do colonialismo, do imperialismo e de qualquer outra forma de opressão sobre povos e países.
Dizemos não à guerra, afirmando que a Paz só é possível quando todos os povos tiverem o direito ao bem-estar, à alimentação, à água, à saúde, à habitação, à educação, ao trabalho, à cultura, a um ambiente saudável, à liberdade, à soberania, à justiça e ao desenvolvimento económico, sendo estas condições essenciais a uma vida digna e estável. E contudo milhões morrem de fome, sede e doenças curáveis, ao mesmo tempo que se gasta milhões de milhões de euros anuais em armamento – dos quais uma pequeníssima parte daria para resolver as grandes chagas sociais do nosso tempo – ao mesmo tempo que muito poucos (pouco mais do que uma mão cheia de pessoas) detêm tanta riqueza como a metade mais pobre da Humanidade.
Defendemos a importância de uma política de Paz, solidariedade e cooperação, em que sejam respeitados os direitos dos povos e as suas liberdades fundamentais, a igualdade entre os Estados e a soberania e independência dos países, apelando também a soluções pacíficas dos conflitos internacionais. E, neste momento, são muitos os povos que – por razões que lhes são totalmente alheias – vivem situações de guerra e ocupação militar, de bloqueio económico e pressão e chantagem externas. Síria, Palestina, Cuba e Venezuela são, apenas, alguns deles.
Batemo-nos pelo desarmamento geral, simultâneo e controlado para que o horror vivido nas cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui – reduzidas a cinzas pelas bombas nucleares norte-americanas – não se volte a repetir. E no entanto os EUA, que gastam mais no seu arsenal nuclear do que todos os outros países juntos, decidiram aplicar um milhão de milhões de dólares no seu programa dito de «revitalização atómica».
Mas a força e a unidade dos que defendem a paz e o progresso, que são a imensa maioria, pode travar e inverter este rumo para o abismo. Exemplo de que é possível, passo a passo, termos um mundo melhor, foi a aprovação pela Organização das Nações Unidas, no passado dia 7 de julho, de um Tratado de proibição das armas nucleares, o qual formaliza o conceito de “mundo livre de armas nucleares” no âmbito da posição oficial das Nações Unidas e ilegaliza o uso dessas armas em conflitos entre os Estados signatários.
Como é evidente, um tratado não resolve tudo. Mas ajuda muito. Como afirmámos na comemoração dos 40 anos da nossa formalização legal,
“Fiel à sua história na justeza dos seus princípios, o CPPC reafirma o seu compromisso de sempre: agir lado a lado com todos quantos, em Portugal e no mundo, intervêm com a aspiração e a convicção de que é possível um mundo justo, democrático, solidário e de Paz.”
In CPPC 40 anos. Abril de 2016
Obrigado"