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O CPPC condena com veemência as sucessivas violações da soberania e integridade territorial da República Árabe Síria protagonizadas nas últimas semanas pelos EUA, Israel e Turquia – através de bombardeamentos aéreos e da invasão terrestre –, países que mostram, assim, que estão apostados em obstaculizar a paz nesse país do Médio Oriente.

Solidário com a luta do povo sírio contra a ingerência externa, contra o terrorismo, o CPPC valoriza a vitória alcançada sobre os grupos terroristas que agem neste país – desde logo o autodenominado «Estado Islâmico» e as diversas variantes da denominada «Al-Qaeda».

A derrota da instrumentalização do terrorismo na agressão ao povo sírio e destruição do seu Estado soberano representou um importante contributo para a defesa da paz no Médio Oriente e um rude golpe nos planos de dominação daquela estratégica região do mundo por parte dos EUA, potências da União Europeia, Israel, Turquia, Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo.

De facto, e ao contrário do que foi difundido pela generalidade dos órgãos de comunicação social, o conflito que se travou na Síria nos últimos anos – provocando milhões de mortos, feridos, deslocados e refugiados, assim como a destruição de importantes infraestruturas económicas e sociais – não foi uma guerra civil, mas uma «guerra por procuração» travada por grupos armados, financiados e treinados a partir do exterior e ao serviço de interesses externos.

A desestabilização e desmantelamento da Síria há muito que são objectivos para o propósito maior de arredar um obstáculo às pretensões norte-americanas e israelitas no Médio Oriente.
Num momento em que os EUA já fizeram saber que pretendem permanecer em território sírio, no qual entraram ilegalmente em 2014, importa lembrar o pretexto com que então se pretendeu justificar a intolerável agressão à soberania e integridade territorial daquele país: o combate ao terrorismo, e particularmente ao «Estado Islâmico», apoiado pelos aliados dos EUA. Derrotados que estão este e outros grupos terroristas, ficam mais evidentes as reais intenções por detrás da presença militar norte-americana na Síria, agora de forma directa e não encapotada: o derrube do governo legítimo do país, acção totalmente contrária à Carta das Nações Unidas.
Como o CPPC salientou, a presença militar norte-americana na Síria constituía «mais um estratagema na sua já longa história de interferência e de desestabilização da Síria e do Médio Oriente». Uma presença e ocupação militar que viola a soberania e ameaça a integridade territorial da Síria e que se realizava à margem do direito internacional, porque contra a vontade expressa das legítimas autoridades do país.

Os alvos e os momentos escolhidos para os bombardeamentos eram igualmente reveladores das verdadeiras intenções dos seus promotores, com sucessivos ataques a forças militares sírias e populações civis e com a aviação militar norte-americana a constituir-se muitas vezes como autêntica força aérea dos grupos terroristas.

Já em finais de 2015, o CPPC chamava a atenção de que os ataques aéreos norte-americanos em território sírio «não atingiram o objectivo proclamado de suster o avanço do EI [Estado Islâmico] e muitas vezes até o facilitaram».

À intervenção directa e aberta dos EUA contra a Síria e o seu povo vieram somar-se com maior acuidade nas últimas semanas as constantes provocações israelitas e a agressão turca justificada com o combate às forças curdas. Estes elementos permitem concluir que apesar da pesada derrota sofrida, os EUA e seus aliados ainda não desistiram dos seus objectivos de «mudança de regime» na Síria, como fizeram na Líbia e no Iraque, com as trágicas consequências humanitárias que são conhecidas.

Como o CPPC defende, os problemas internos da Síria devem ser resolvidos pelos próprios sírios, sem ingerências ou pressões externas de qualquer tipo, que como se viu só agravam a situação e dificultam a paz.

É, portanto, de valorizar a recente cimeira realizada na cidade russa de Sochi, envolvendo governo e forças da oposição, representantes políticos, sociais e religiosos sírios, países como a Rússia, o Irão e a Turquia e as Nações Unidas.
Na declaração aprovada na cimeira reafirma-se a defesa da soberania, integridade territorial e unidade da Síria, o seu carácter democrático e não confessional, a rejeição do terrorismo, fanatismo e fundamentalismo, o respeito pelos direitos humanos e liberdades públicas, a salvaguarda do património histórico e cultural.

É tempo de os EUA se conformarem com a derrota das suas pretensões, retirarem definitivamente as suas forças militares de território sírio e reconhecerem a soberania da Síria e do seu povo, o seu direito à paz e ao desenvolvimento.

Direcção Nacional do CPPC