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O Médio Oriente é das regiões do Globo mais flageladas pela guerra e pelos problemas que lhe estão inerentes. Países e povos desta região vivem situações de grande instabilidade social, politica e militar, provocadas essencialmente pela ingerência e agressões das potências imperialistas, que têm como objectivos o domínio geoestratégico e a exploração, em benefício próprio, das riquezas da região, nomeadamente dos hidrocarbonetos.
Os levantamentos populares verificados em diversos países árabes, como o Egipto ou a Tunísia, não se traduziram na democratização dos regimes e assistimos hoje a uma crescente violência.
A ocupação da Palestina por Israel e a insuportável violência da opressão e exploração do seu povo, que dura há várias décadas, constitui uma fonte de conflito permanente. Esta ocupação, assim como a dos Montes Golã sírios e de territórios libaneses, só é possível graças ao apoio à potência ocupante – Israel – pelos Estados Unidos da América e diversos estados europeus.
Os conflitos internos no Líbano, muitos deles com origens externas, e as sucessivas invasões israelitas deste país envolveram também os restantes países da zona.
A agressão ao Iraque, em 2003, por uma coligação encabeçada pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha e outros estados da NATO, sob pretextos que se sabia serem falsos e à revelia do direito Internacional, agressão militar que destruiu as infra-estruturas e a organização do Estado, instigou divergências étnicas, religiosas e culturais, transformou o Iraque num estado destruído, em que a violência dita as suas leis, em que os assassinatos políticos, étnicos e religiosos fazem parte do quotidiano.
A Líbia foi, igualmente, alvo, em 2011, de uma brutal agressão da NATO, cujos resultados foram o caos, a desordem, os atentados permanentes, a pauperização das populações e a destruição do Estado.
As ameaças e sanções à República Islâmica do Irão, ainda que com tendência para se atenuarem, pela disponibilidade deste país em aceitar condições negociadas com a Agência Internacional de Energia Nuclear para o desenvolvimento e utilização da energia nuclear, não foram de todo levantadas.
A ingerência externa na Síria, com a intervenção de grupos mercenários oriundos de diversos estados da região (apoiados pela França, Israel, Turquia, Estados Unidos e monarquias do Golfo, entre outros) traduz-se em dezenas de milhares de mortos, de refugiados, de desalojados e na destruição de muitas infraestruturas civis e públicas. Podem-se, no entanto, considerar positivos os últimos desenvolvimentos: quer a recuperação da soberania do Estado Sírio sobre cidades e regiões ocupadas pelos grupos militares comandados do exterior, a amnistia de actos de deserção decretada pelo Governo da Síria e a realização, agendada para 22 de Janeiro, da Conferência da ONU, designada Génève 2, com vista a estabelecer, com o participação da República Árabe Síria, acordos multinacionais, que, no respeito pela soberania e integridade do país, conduzam à resolução do conflito e o retorno à paz, mantendo a laicidade e a tolerância étnica e religiosa que caracterizam este país.
A situação no Médio Oriente é, pois, uma das mais graves que se vivem em todo o mundo, a que não é alheia a ausência de vontade, ou incapacidade, por parte da Comunidade Internacional, de cumprir e fazer cumprir as inúmeras resoluções da ONU sobre estes conflitos. Ao denunciar esta situação, a XXIV Assembleia da Paz reunida em Lisboa, a 7 de Dezembro de 2013, decide:
- Exigir o fim de todos os tipos de ocupação, nomeadamente a de Israel sobre a Palestina e os Montes Golã;
- Apoiar a luta dos povos pela sua soberania e denunciar a frequente violação da Carta e Resoluções das Nações Unidas e do direito internacional;
- Manifestar a solidariedade com as justas lutas dos povos pela paz e pelo direito de escolher o seu próprio futuro;
- Apelar ao desenvolvimento de acções do movimento da paz que reforcem a denúncia destas agressões e aumentem a solidariedade aos povos que sofrem as suas consequências;
- Reafirmar a exigência de um Médio Oriente livre de Armas Nucleares.
Lisboa, 7 de Dezembro de 2013