
O Conselho Português para a Paz e Cooperação lamenta profundamente o falecimento de Margarida Tengarrinha, membro da sua Presidência, presença regular nas suas iniciativas e uma militante de sempre da causa da paz, do desarmamento e da solidariedade com os povos.
Nascida em 1928 na cidade de Portimão, empenhou-se desde muito jovem na resistência ao fascismo e na luta
pela liberdade. Enquanto estudante de Belas-Artes, em Lisboa, participou em atividades antifascistas e integrou o Movimento de Unidade Democrática Juvenil, empenhando-se a fundo na luta pela paz.
Passou a funcionária clandestina do Partido Comunista Português em 1954, juntamente com o seu companheiro, José Dias Coelho, que seria assassinado pela PIDE em 1961. Nessa condição viu-se forçada a separar-se das suas filhas, ainda pequenas.
Na clandestinidade assumiu um papel importante na falsificação de documentos e na produção de gravuras para imprensa do Partido. Integrou ainda a redação do jornal Avante! e da Rádio Portugal Livre, que emitia para o país a partir da Roménia, para além de desempenhar tarefas de organização no Norte e em Lisboa.
Após o 25 de Abril, assumiu diversas responsabilidades políticas, entre as quais a de deputada à Assembleia da República, entre 1979 e 1983, e a de membro do Comité Central do PCP.
Militante da paz desde a fundação do movimento, no início da década de 1950, foi expulsa da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa na sequência da intensa luta travada contra a realização em Portugal de uma reunião de ministros da NATO, em 1952. Membro da Presidência do CPPC, era presença regular nas suas atividades, desde logo nas assembleias da paz. Colocou também, desde sempre e até ao fim, o seu imenso talento e sensibilidade artística ao serviço da causa da paz, do desarmamento e da solidariedade com os povos: produziu várias gravuras sobre as agressões do imperialismo norte-americano à Coreia e ao Vietname (algumas publicadas na imprensa clandestina do PCP), participou com trabalhos seus na 3.ª Bienal de Artes Plásticas de Gaia (2019) e colaborou na organização das exposições de artes plásticas promovidas no Algarve sob o lema Artistas Pela Paz, promovidas pelo CPPC em parceria com outras entidades.
É autora de livros sobre pintura e cultura, para além de registos autobiográficos.
Da sua longa e intensa vida, vivida de um modo apaixonado, fica o exemplo de dedicação às causas da liberdade, da solidariedade e da paz, que o CPPC procurará honrar prosseguindo a sua ação, indissociável da participação de Margarida Tengarrinha.
A direcção nacional do CPPC manifesta os seu pêsames e toda a solidariedade à família de Margarida Tengarrinha.