O Conselho Português para a Paz e Cooperação assinala os 77 anos dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui
- É urgente a assinatura e ratificação do Tratado de Proibição de Armas Nucleares
Em agosto de 1945 – a Segunda Guerra Mundial terminara na Europa, formalmente, apenas há três meses –, o mundo era confrontado com um ato inumano e inesperado. Sem aviso prévio, no dia 6, os Estados Unidos da América (EUA) lançavam sobre a cidade japonesa de Hiroxima uma bomba atómica, e
três dias depois, outra sobre a cidade de Nagasáqui. À época, essas cidades eram desprovidas de importância militar, e o Japão encontrava-se em processo de capitulação.
A brutalidade da agressão torna-se desde logo evidente nos efeitos sobre a população: mais de cem mil mortos no momento da explosão; outros tantos até ao fim daquele ano; aumento vertiginoso da incidência de malformações congénitas e doenças oncológicas entre os sobreviventes dos bombardeamentos e seus descendentes (situação que ainda hoje perdura).
Quando decidiu perpetrar aquele crime contra a Humanidade, o governo dos EUA não ignorava que com ele estava a iniciar um processo que podia pôr fim à vida na Terra. Mas quis intimidar os povos, e antes de todos a União Soviética, mostrando que nem considerações humanitárias impediriam os EUA de recorrer a tais atos de agressão, se tal lhes conviesse para assegurar a predominância no mundo do pós-Guerra.
Manter viva a memória de Hiroxima e Nagasáqui é, sem dúvida, uma singela homenagem às vítimas; mas é sobretudo um grito de alerta para os perigos que hoje espreitam a Humanidade: o número de ogivas nucleares existentes e a sua potência, elevariam o horror de há setenta e sete anos a uma escala nunca vista, pondo em causa a existência de vida na Terra.
Por isso é inaceitável que haja quem expressamente creia na possibilidade de vitória numa guerra nuclear e advogue «ataques nucleares preventivos» como acontece com elites dirigentes dos EUA.
Ao perfazer-se 77 anos sobre os bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui, o Conselho Português para a Paz e Cooperação: reitera a necessidade de reforçar a ação em prol da paz e desarmamento (ainda mais urgente no período que atravessamos - de escalada de confrontação e de guerra não só na Europa e região da Ásia-Pacífico, mas por todo o mundo e onde a banalização da ameaça do uso de armamento nuclear é preocupante); reclama do Estado Português que subscreva e ratifique o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, aprovado no âmbito da Organização das Nações Unidas, e apela a que se promova ativamente a paz e o desarmamento geral, simultâneo e controlado, como defende a Constituição da República Portuguesa.
A Direção Nacional do CPPC