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Desde sempre que o CPPC considerou que os problemas do povo coreano teriam que ser resolvidos pelo próprio povo coreano, sem ingerências externas. Os acontecimentos das últimas semanas dão-lhe razão. Após um período de particular tensão militar na região, as duas partes da Coreia retomaram um diálogo há muito interrompido e mantêm aberta a comunicação sobre assuntos de interesse comum. Os Jogos Olímpicos de Inverno serão apenas a face mais visível.

Quem não gostou da aproximação entre a República Popular Democrática da Coreia, a norte, e a República da Coreia, a sul, foram os Estados Unidos, há muito empenhados em avivar tensões na região para, assim, procurarem justificar o significativo reforço da sua presença militar na Península da Coreia, no Extremo Oriente e no Pacífico (junto às fronteiras da China). Os EUA são, aliás, o principal responsável pela divisão da Coreia.

Entre 1950 e 1953, os EUA desencadearam contra ela uma brutal guerra (vitimando milhões de coreanos e destruindo importantes infra-estruturas), travando depois a celebração de um acordo de paz definitivo e qualquer iniciativa visando a reunificação pacífica do país. A divisão de facto da Coreia, a instalação permanente, no sul, de poderosos contingentes militares e sofisticado armamento, a realização regular de provocatórias manobras militares, a imposição de sanções e as constantes ameaças e planos de ataque directo à República Popular Democrática da Coreia foram (e são) práticas constantes dos Estados Unidos na Península coreana.

A retirada das forças militares norte-americanas da Coreia é condição fundamental para que sejam os coreanos a resolver pacífica e soberanamente os problemas que lhes dizem respeito, de que a paz e a reunificação são porventura os dois principais.

Desanuviamento e reunificação
Os passos dados recentemente entre os responsáveis das duas Coreias no sentido do desanuviamento da tensão na Península não apagam o recente agravamento da situação na região. Como o CPPC tem vindo a afirmar, se é certo que o desenvolvimento de armas nucleares pela República Popular Democrática da Coreia é contrário à não proliferação deste tipo de armamento e foi acompanhado de uma retórica que não contribui para o desanuviamento, é importante ter presente quem é o principal responsável pela situação: os Estados Unidos, que não são apenas quem mais ganha com o clima de tensão na região como são quem há muito ameaça (com palavras e actos, inclusivé com a ameaça de ataque nuclear) um país soberano como é a RPDC.

Relativamente às armas nucleares, importa não esquecer que os EUA foram o primeiro país a desenvolver este tipo de armamento e o único a tê-lo utilizado sobre populações, ao mesmo tempo que gastam com o seu arsenal nuclear tanto ou mais que o conjunto dos restantes países que detêm este tipo de armamento. Os EUA têm qualquer coisa como sete mil ogivas nucleares, muitas das quais espalhadas pelo mundo, em bases militares e esquadras navais, enquanto a Coreia não terá mais do que 10 destas bombas. Além disso, os Estados Unidos e a NATO proclamam na sua doutrina militar a possibilidade de utilização de armamento nuclear num primeiro ataque, mesmo contra um país que não detenha armas nucleares.

Para o CPPC, o que se impõe é a adopção de medidas que promovam a diminuição da tensão e o desanuviamento na Península da Coreia e em toda a região Ásia/Pacífico, de modo a promover um clima de confiança que abra caminho ao diálogo e a negociações duradouras visando a reunificação pacífica da Coreia e a salvaguarda do direito do povo coreano à paz, à soberania e à independência.

in Notícias da Paz - CPPC - Fevereiro de 2018