O Conselho Português para a Paz e Cooperação saúda o povo chileno que lutou e resistiu contra o fascismo, por ocasião dos 50 anos do golpe militar fascista, contra o legítimo governo do Chile dirigido pelo Presidente Salvador Allende.
A 11 de setembro de 1973, um violento e sangrento golpe de Estado, derrubava o governo da Unidade Popular, eleito democraticamente pelo povo chileno, pondo fim a três anos de aprofundamento da democracia, dos direitos do povo chileno, da soberania do Chile.
Nesse ato ilegal e criminoso, a força aérea, que atacou o palácio presidencial, metralhou também as comunidades populares de onde poderia vir apoio ao governo. Assassínios e desaparecimentos perpetrados pelos golpistas começaram de imediato. Nas semanas, meses e anos que se seguiram ao golpe, os fascistas e o seu governo de Pinochet perseguiram, torturaram e assassinaram milhares de chilenos.
O alvo desse terror homicida não foi só a esquerda, mas todos os que, de uma forma ou de outra, se puseram no caminho dos fascistas. Cooperando entre si, os Estados Unidos da América (EUA), o regime terrorista saído do golpe no Chile, o Brasil e outros países sob cruéis ditaduras montaram, então, uma rede de repressão e assassinato político – o monstruoso «Plano Condor» – que operou, sobretudo, no subcontinente americano.
Como está hoje comprovado, o golpe foi, desde a primeira hora, preparado e orquestrado pelo governo dos EUA. Nas eleições chilenas de 1970, a Administração norte-americana investiu, como já fizera antes, no apoio à direita e numa agressiva campanha de propaganda e interferência, através da comunicação social chilena. Sem sucesso. Com a vitória eleitoral da Unidade Popular e a formação do respetivo governo, esses esforços da ingerência norte-americana, com a cumplicidade e o apoio dos grandes grupos económicos chilenos, passaram a orientar-se para a desestabilização económica, política e social, incluindo com a promoção da corrupção, do premeditado boicote visando a privação da população de bens essenciais, do caos e, por fim, do golpe militar.
Ao fim destes 50 anos, o regime fascista que emergiu do golpe já não existe. O povo chileno, que nunca desistiu de lutar contra ele, luta agora contra o seu legado de injustiças e desigualdades.
Recordando toda a solidariedade expressa em Portugal, particularmente nos anos setenta e pela Revolução de Abril, para com experiência da Unidade Popular e a luta dos antifascistas chilenos, o Conselho Português para a Paz e Cooperação lembra estes acontecimentos não só pela necessidade de manter viva a sua memória, mas também pelo que eles nos trazem à compreensão do tempo que vivemos e do modo como as mesmas forças antidemocráticas ou seus sucedâneos operam, e onde pretendem levar-nos. O CPPC considera que é responsabilidade dos democratas, e em particular dos defensores da paz, serem uma firme barreira a essas forças e lutar para que jamais alcancem os seus intentos, e manifesta toda a solidariedade ao povo chileno na sua luta pela concretização dos seus direitos e aspirações.
A Direção Nacional do CPPC
11 de setembro de 2023