Realizou-se em Vila Nova de Gaia, no dia 28 de outubro de 2023, o muito importante e significativo III Encontro pela Paz, com o lema “Nos 50 anos de Abril, pela paz todos não somos demais”, na sequência dos dois anteriores, que resultou do trabalho convergente de 12 organizações, por proposta inicial do Conselho Português para a Paz e Cooperação, a que se juntou a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
Ao longo de vários meses, o Encontro foi preparado em conjunto, divulgado por todo o país, com sessões e debates, incluindo através de nove Concertos pela Paz que o CPPC organizou em diferentes cidades, envolvendo milhares de pessoas, de contactos com mais de 100 organizações e instituições diversas, a maioria das quais participou no III Encontro pela Paz, assegurando 800 participantes nas diversas sessões de trabalho do dia 28 de outubro.
A sessão de abertura contou com a intervenção do presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, e da Presidente da Direção Nacional do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Ilda Figueiredo, a que se seguiram as sessões sobre três grandes temas – Paz e desarmamento, Educação e cultura para a Paz e Solidariedade e Cooperação.
Nas mesas de debate (ver anexo), além das intervenções iniciais, registaram-se mais cerca de 30 intervenções sobre os vários temas e algumas outras que não foi possível realizar por falta de tempo, mas serão todas integradas no livro sobre o III Encontro pela Paz.
No encerramento dos trabalhos, foi lido o Apelo à defesa da Paz, por Gabriel Esteves, coordenador da JOC, o que foi muito aplaudido pelos participantes, vincando o seu acordo.
Entretanto, o III Encontro teve também a participação e o envolvimento de associações culturais e de escolas de Gaia que aceitaram trabalhar para animar e dar o seu testemunho na defesa da paz.
Assim, antes da sessão de abertura, a associação cultural Mareantes do Rio Douro animou com os seus bombos característicos a entrada dos participantes e no final dos trabalhos, já no exterior do pavilhão municipal, a Fanfarra da Alameda de S. João, de Oliveira do Douro - freguesia gaiense onde decorreu o III Encontro pela Paz - animou uma iniciativa de solidariedade com a Palestina e fez a despedida dos participantes.
Entretanto, no átrio do pavilhão municipal onde decorreram os trabalhos, montou-se uma exposição de dezenas de trabalhos artísticos de alunos de diferentes níveis de ensino, que quiseram partilhar exemplos da educação para a paz que se realiza, há muitos anos, em Vila Nova de Gaia.
Estiveram expostos trabalhos de alunos das seguintes escolas e agrupamentos:
- Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos
- Agrupamento de Escolas Sophia de Mello Breyner
- Escola EB2/3 Soares dos Reis
- Escola Básica do Sardão 1º CEB/JI do Sardão
- Escola Profissional do Infante
Também participou com alguns trabalhos de artistas a Cooperativa Artistas de Gaia com quem o CPPC tem uma parceria e há anos organiza exposições conjuntas, de que foi exemplo a exposição “Revolução: 50 anos, 50 artistas”, incluída na V Bienal Internacional de Arte Gaia 2023.
No III Encontro pela Paz reafirmou-se o empenho para que prossiga, e se alargue ainda mais, a convergência de vontades e a ação em defesa da paz, considerando-a essencial à vida humana e uma condição indispensável para a liberdade, a soberania, a democracia, o progresso social, o bem-estar dos povos – para a construção de um mundo melhor para toda a Humanidade.
A presença tão numerosa – ultrapassaram-se os 800 inscritos – foi um eloquente testemunho da vontade de afirmar os valores mais nobres da humanidade que, em Portugal, tiveram na revolução de 25 de Abril de 1974 a maior expressão da vontade do povo português e que a Constituição da República Portuguesa acolheu. Ao escolher o lema deste III Encontro pela Paz é – Nos 50 anos de Abril, pela Paz todos não somos demais! os organizadores lançaram o apelo a que se multiplicam iniciativas em torno destas comemorações na defesa da paz e dos valores de Abril.
E aqui fica também um agradecimento às escolas, professores, alunos e artistas de Gaia, que trabalharam para este Encontro com a sua generosidade e criatividade e nos enviaram os trabalhos artísticos que estão expostos no átrio deste Pavilhão.
Ali se reafirmou que num momento tão difícil como o que estamos a viver no plano internacional, onde crescem diariamente novas ameaças à paz, onde forças retrogradas, xenófobas e fascizantes se procuram afirmar pondo em causa a liberdade, a democracia e a paz, torna-se ainda mais importante a convergência de vontades na defesa da paz, na denúncia das ingerências externas, de que são exemplos os bloqueios e sanções que continuam a ser impostos a povos e países a quem se negam direitos fundamentais, incluindo o de escolherem o seu direito soberano, de viverem com dignidade, justiça e em paz.
Precisamos de continuar a afirmar a muitas vozes que queremos a paz e não a guerra, seja no Médio Oriente e na Palestina, seja na Ucrânia e na Europa, no Iémen, em África e em qualquer país do mundo. E neste momento, pronunciando-nos contra todos os ataques a vítimas inocentes, seja qual for a sua nacionalidade e crença, certamente todos estarão de acordo em fazer aqui um especial protesto pelo autêntico massacre em Gaza, demonstrando a nossa solidariedade com o povo da Palestina e exigindo o cessar-fogo imediato e a paz no Médio Oriente.
Reconhecendo que a defesa do espírito e dos princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional são a base fundamental para o fim do militarismo, da corrida aos armamentos e da guerra, assim como para defender e promover a paz e o desenvolvimento de relações mais justas e equitativas entre os povos de todo o mundo, ali se reafirmou o empenhamento e apelo à promoção de uma cultura de paz e de solidariedade com os povos, dando particular atenção aos povos vítimas de ingerência, de agressão e de opressão, incluindo os refugiados, e desenvolvendo uma ação de incentivo à paz e à cooperação em alternativa à guerra e à rivalidade nas relações internacionais.
Foi dada grande importância à educação para a paz e à cultura da paz, nomeadamente junto das novas gerações, em prol dos valores da paz, da amizade, da solidariedade, da cooperação, da dignidade e da equidade – valores que devem caracterizar as relações entre os estados e entre os povos, como também defendia José Saramago quando afirmava que a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado, essa, sim, seria a grande revolução mental, e, portanto, cultural, da Humanidade.
Com este Encontro, foi dada particular atenção às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que acabou com 48 anos de fascismo e 13 anos de guerra colonial, e que consagrou na Constituição da República Portuguesa importantes princípios de relações internacionais para Portugal e o povo português – como a independência nacional e a igualdade entre os Estados, o respeito dos direitos humanos, dos direitos dos povos, a solução pacífica dos conflitos internacionais, o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e a criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
Ao longo dos trabalhos houve oportunidade de expressar a diversidade de opiniões, de trabalho e de visões sobre os problemas que se vivem, de procurar aprofundar caminhos de convergência de vontades para prosseguir na defesa da paz, direito fundamental da humanidade, sem o qual nenhum outro está garantido, base de que se partiu para os Encontros pela Paz anteriormente realizados em Loures, em 2018, em Setúbal em 2021 e agora, em 2023, em Vila Nova de Gaia.
Foi mais um passo importante para o movimento da paz no nosso País, tendo-se afirmado a vontade de continuar a unir esforços e vontades na defesa da paz, criando estímulos para envolver cada vez mais pessoas na solidariedade com os povos que sofrem, contribuindo para o desenvolvimento de relações mais justas entre povos e países, alargando o movimento e a cultura da paz e cooperação em alternativa à guerra e à rivalidade nas relações internacionais.
No Apelo à defesa da Paz, que saiu do III Encontro pela Paz, assumiu-se o compromisso de realizar novas iniciativas, incluindo a realização de um novo Encontro pela Paz, pois pela Paz, todos não somos demais!