O Fórum Luísa Todi, em Setúbal, acolheu no dia 5 de Junho o Encontro pela Paz, expressão de uma ampla convergência de vários sectores em defesa dos princípios inscritos na Carta das Nações Unidas e no artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa, expressos no Apelo à Defesa da Paz, aprovado no final dos trabalhos. O Apelo, publicado na íntegra nas páginas seguintes, constituiu ainda um sólido compromisso de ação em torno desses princípios.
Na sessão de abertura do Encontro, perante quase três centenas de participantes, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, sublinhou que a paz só será possível quando pudermos olhar o outro olhos nos olhos, «à mesma altura». Os municípios têm, nesta matéria, importantes responsabilidades, sublinhou a autarca, comprometendo-se em prosseguir a aposta num urbanismo inclusivo, numa oferta cultural e desportiva de qualidade, na inserção plena de pessoas com origens e culturas – enfim, na construção de uma «cidade para as pessoas».
Por seu lado, a presidente da direção do CPPC, Ilda Figueiredo, salientou a oportunidade de realizar o Encontro pela Paz, num momento em que se intensificam agressões e bloqueios e ressurgem com renovada expressão forças racistas, xenófobas e fascizantes. Ilda Figueiredo sublinhou a necessidade de continuar a reforçar o movimento da paz, valorizando o importante contributo dado pelo Encontro para este objetivo, desde a sua preparação até à sua realização.
Intenso e frutuoso debate
O Encontro pela Paz decorreu em três mesas temáticas, pelas quais se distribuíram os representantes das 12 organizações promotoras. Na primeira, Paz e Desarmamento, o debate foi lançado por José Baptista Alves, do CPPC, Regina Marques, do MDM, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, em representação do Movimento dos Municípios pela Paz, e Anabela Carlos, da URAP.
Na abertura do segundo tema, Cultura e Educação para a Paz, estiveram Isabel Graça, da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, José Costa, da FENPROF, e Gabriel Esteves, da Juventude Operária Católica.
A terceira mesa, Solidariedade e Cooperação, foi aberta por Eugénia Quaresma, da Obra Católica Portuguesa para as Migrações, Isabel Camarinha, Secretária-geral da CGTP-IN, Jorge Cadima, do MPPM, e pelo vereador da Câmara Municipal de Setúbal, Ricardo Oliveira.
No debate que se seguiu, em todas as mesas, estiveram em realce questões como as guerras de agressão e suas dramáticas consequências, a corrida aos armamentos e as crescentes despesas militares, a necessidade de dissolução dos blocos político-militares, o significado do Tratado de Proibição das Armas Nucleares (ao qual Portugal tem de aderir, defendeu-se), os bloqueios e sanções impostos pelo imperialismo, o acolhimento e integração dos refugiados, a ação contra as injustiças e desigualdades, o papel das autarquias, escolas, coletividades e associações na disseminação dos valores da paz, entre outras.